Mais de dois terços das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) podem se beneficiar diretamente das tecnologias digitais, de acordo com a União Internacional de Telecomunicações (UIT) e o PNUD, que se uniram, com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Boston Consulting Group (BCG), em torno da recém-lançada Agenda de Aceleração Digital dos ODS.

Com as tecnologias digitais tão intimamente ligadas aos ODS, UIT e PNUD destacam como soluções digitais seguras, inclusivas e escaláveis podem colocar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável nos trilhos novamente, em meio a preocupações de que o mundo possa perder a visão para as pessoas, o planeta e a prosperidade, como definido em 2015.

A Agenda de Aceleração Digital dos ODS, uma análise global das conexões entre tecnologias digitais e desenvolvimento sustentável, fornece um roteiro aos governos em sua jornada de transformação digital.

“Com apenas uma fração dos ODS no caminho certo na metade do percurso da Agenda 2030, é urgente garantir que todas as pessoas, em todos os lugares, possam construir seus próprios futuros digitais”, afirmam a secretária-geral da UIT, Doreen Bogdan-Martin, e o administrador mundial do PNUD, Achim Steiner, no prefácio da Agenda de Aceleração Digital dos ODS. “Os recentes avanços na tecnologia digital desencadearam oportunidades sem precedentes e, com elas, novos caminhos para a inovação digital em nossa corrida contra o tempo para cumprir a promessa da Agenda 2030”, completaram.

Segundo avaliações da ONU, o progresso em metade das 169 metas dos ODS é fraco ou insuficiente nesta metade do percurso para o cumprimento da Agenda 2030. Trinta por cento das metas dos ODS estão paralisadas ou foram revertidas. 

A Agenda de Aceleração Digital dos ODS mostra como as tecnologias digitais impulsionam a transformação econômica e social, criando escala e eficiência. Ela apresenta soluções digitais que já estão demonstrando como a tecnologia pode beneficiar diretamente 119 das 169 metas dos ODS, cerca de 70%, inclusive em áreas como ação climática, educação, fome e pobreza.

“Quando você olha para essas soluções digitais revolucionárias, pode ver os tijolos da construção que podem nos levar à conectividade universal e significativa”, disse Bogdan-Martin. “É assim que podemos – e iremos – trabalhar juntos para garantir que nosso futuro digital compartilhado seja inclusivo, sustentável, seguro e responsável – e para fazer isso nesta década.”

Os dados da Agenda de Aceleração Digital dos ODS sugerem que os países que ampliaram sua maturidade digital – medida pelos índices de acessibilidade digital e infraestrutura – ultrapassaram seus pares no progresso dos ODS para níveis de renda selecionados. A agenda também traça o perfil das oportunidades de desenvolvimento sustentável oferecidas por avanços como IA generativa, redes 5G e blockchain.

PNUD e UIT destacam que a lacuna de financiamento de mais de US$ 3,7 trilhões para os ODS deve concentrar os esforços internacionais em facilitadores – como infraestrutura e conectividade – e na união de recursos por meio da colaboração, incluindo o setor privado e a utilização de métodos variados de financiamento.

Conforme destacado em publicação recente do G20 apoiada pelo PNUD, a infraestrutura pública digital – construída com base em uma governança sólida e em fortes ecossistemas digitais locais – pode agregar valor e alto impacto em todos os 17 ODS para não deixar ninguém para trás.

“A infraestrutura pública digital representa as ‘estradas e pontes’ de nossa nova era, nas quais os países podem ‘transportar’ uma série de serviços vitais para os cidadãos, desde serviços de saúde e governo eletrônico até educação online e proteção social”, disse Achim Steiner. “Como o plano compartilhado de nossa comunidade global para um futuro melhor nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável enfrenta desafios, investimentos ousados em infraestrutura pública digital por parte dos governos são um meio testado e comprovado de colocá-los de volta no caminho certo – uma ambição que a ONU está correspondendo ao capacitar 100 países com uma série de soluções vitais de infraestrutura pública digital para garantir que todas as pessoas, em todos os lugares, possam construir seus próprios futuros digitais.”

Em setembro, a UIT anunciou queda no número de pessoas em todo o mundo sem conexão com a Internet – de 2,7 bilhões em 2022 para 2,6 bilhões de pessoas em 2023.

A estatística sobre a população offline global é importante para o rastreamento da conectividade, base do uso da tecnologia para o desenvolvimento sustentável. Na tendência atual, é improvável que as metas globais de conectividade universal e significativa sejam atingidas até 2030.