Brasil está entre os dez países agraciados com o Prêmio Equador de 2023

14 de August de 2023
Photo: Anderson Coelho / Instituto Zág

NOVA YORK – O PNUD e seus parceiros anunciam os vencedores do 14º Prêmio Equador, que neste ano reconhece a atuação de povos indígenas e comunidades locais de dez países. Selecionados em um conjunto de mais de 500 indicações de 108 países, os vencedores são de Brasil, Burundi, Bolívia, Equador, Groenlândia, Guatemala, Libéria, Filipinas, Nepal e Zâmbia. Eles receberão o prêmio em novembro em cerimônia durante o evento Nature for Life Hub do PNUD. 

Os vencedores deste ano destacam o tema do Dia Internacional dos Povos Indígenas do Mundo: Juventude Indígena como Agente de Mudança para a Autodeterminação. Entre os premiados desta edição, quatro são iniciativas lideradas por jovens, as quais demonstram comprometimento com a promoção da igualdade intergeracional em suas comunidades. 

 Os premiados de 2023 agora fazem parte de uma rede diferenciada composta por 275 comunidades reconhecidas por suas contribuições excepcionais para a adaptação e mitigação da mudança do clima e redução da pobreza desde 2002. 

Os vencedores do Prêmio Equador receberão US$15.000 e a oportunidade de participar de uma série de eventos virtuais especiais associados à Assembleia Geral da ONU, à Cúpula dos ODS, à Cúpula de Ambição Climática da ONU e à COP 28 em Dubai. 

“Somos gratos ao Governo da Noruega, ao Governo da Alemanha, à Fundação da Família Sall e a todos os nossos parceiros pelo apoio generoso e contínuo à promoção de soluções baseadas na natureza”, declarou o administrador associado e diretor do Escritório de Apoio a Políticas e Programas do PNUD, Haoliang Xu. 

 Entre os vencedores deste ano, estão uma comunidade que protege 10 mil hectares de floresta contra a mineração ilegal e o desmatamento; uma organização não governamental que integra o conhecimento ancestral para proteger o ecossistema do Ártico e defender os direitos à terra e ao oceano; uma organização que promove o gerenciamento sustentável de recursos naturais e micro, pequenas e médias empresas lideradas pela comunidade; uma organização local focada em melhorar a segurança alimentar e os meios de subsistência por meio da diversificação e do gerenciamento sustentável de cultivos; uma organização comunitária que rejuvenesceu e conservou com sucesso mais de 10 mil hectares de manguezais, recuperou a população de peixes e protegeu o ecossistema costeiro; e a primeira comunidade da região a obter a propriedade formal de suas terras tradicionais. 

Para obter mais informações, visite o site da Iniciativa Equador e participe do debate usando a hashtag #EquatorPrize no Twitter, Instagram ou Facebook. 

 

Os vencedores do Prêmio Equador 2023: 

Tergar Charity Nepal (TCN) - Nepal 

Essa organização local dedica-se a aprimorar a segurança alimentar e os meios de subsistência na remota comunidade de Samagaun, no Himalaia. Ela orienta mulheres sobre saúde menstrual e oferece aulas de alfabetização. Por meio de parceria com uma empresa canadense de chá de luxo, desenvolve com sucesso um projeto de cadeia de valor, aumentando a renda das mulheres de Samagaun, que colhem e processam roseira brava para a produção de chá na América do Norte. Expandindo esse sucesso, a TCN construiu 32 estufas adicionais em Samagaun e 15 no vilarejo de Samdo em 2022. 

 

Comuna Playa de Oro - Equador 

Situada nas profundezas da província de Esmeraldas, no Equador, a Comuna Playa de Oro é um antigo assentamento afro-equatoriano que prospera apesar de enfrentar ameaças como mineração ilegal, desmatamento e invasão. Com população de 350 pessoas, a Comuna protege 10 mil hectares de floresta na região de Chocó e promove ecoturismo, agricultura sustentável e bioempresas, preservando tanto o ambiente natural quanto a herança cultural. 

 

The Young Emerging Farmers Initiative (YEFI) - Zâmbia  

Essa organização orientada para a juventude capacita jovens em áreas rurais e urbanas por meio da agricultura sustentável, criando 1 mil empregos e estabelecendo mais de 50 empresas lideradas por jovens para combater as altas taxas de desemprego. Por meio do plantio de árvores, conservação de florestas, agricultura orgânica e práticas agroecológicas, a YEFI regenerou 10 mil hectares de terras degradadas, reduziu as emissões de óxido nitroso, melhorou a estrutura do solo e promoveu ecossistemas resilientes. 

 

Perfect Village Communities Burundi (PVC Burundi) - Burundi  

Essa empresa social liderada pela comunidade reconhece a correlação entre a degradação ambiental e a deterioração da saúde da comunidade. Ao capacitar as comunidades locais, com ênfase especial em mulheres e jovens, a PVC Burundi promove a autossuficiência por meio de alternativas naturais e produzidas localmente para a restauração de terras e a produção sustentável de alimentos. Os esforços da PVC Burundi resultaram na regeneração bem-sucedida de 5 mil hectares de terra mediante o plantio de mais de 500 mil mudas e árvores diversas, contribuindo para a restauração e a preservação do meio ambiente local. 

 

Kapunungan sa Gagmay’ng Mangingisda sa Concepcion - Filipinas 

Fundada em 1986 por uma comunidade de pescadores, essa organização combate o esgotamento dos manguezais e as ameaças ao ecossistema costeiro por meio de organização comunitária, educação ambiental, apoio a políticas e aplicação da lei. Seus esforços foram bem-sucedidos no rejuvenescimento do ecossistema, com 10 mil a 12 mil hectares de manguezais se desenvolvendo novamente, trazendo de volta espécies desaparecidas e criando um ambiente sustentável para as gerações futuras em suas comunidades e em toda a província de Zamboanga Sibugay, nas Filipinas. 

 

Inuit Circumpolar Council - Groenlândia 

Essa organização não governamental reúne 180 mil povos indígenas inuítes do Canadá, Groenlândia, Rússia e do Estado do Alasca, nos Estados Unidos, para proteger o ecossistema do Ártico e defender os direitos à terra e ao oceano, usando o conhecimento e a prática ancestrais inuítes. Por meio de iniciativas inovadoras, como a Comissão Pikialasorsuaq, a organização tem como objetivo estabelecer uma área protegida gerenciada por inuítes na região de Pikialasorsuaq, preservando sua integridade ecológica e facilitando a movimentação irrestrita entre comunidades historicamente conectadas.  

 

Instituto Zág – Brasil 

Essa organização indígena liderada por jovens se concentra no reflorestamento e na preservação do conhecimento tradicional relacionado à araucária, árvore também conhecida como Zág, de valor sagrado e simbólico para os povos Xokleng. Suas atividades de reflorestamento, incluindo a remoção de árvores invasoras, a promoção de tradições ancestrais e o alcance educacional, visam proteger a araucária como fonte de nutrição, medicamento e identidade cultural, reconhecendo a profunda interdependência entre a Zág e o povo Xokleng. 

 

Uru Uru Team – Bolívia 

Iniciada em 2019 por jovens indígenas da comunidade Urus, a Equipe Uru Uru tem como objetivo proteger o lago Uru Uru da grave poluição causada pelo lixo urbano nas proximidades. Por meio da capacitação e do estabelecimento de uma horta comunitária, a Uru Uru desenvolveu um modelo eficaz que preserva a biodiversidade, o conhecimento indígena e a identidade cultural, reduzindo com sucesso a poluição do lago em 30%. 

 

Asociación Tikonel – Guatemala 

A Associação Tikonel contribuiu fortemente para o manejo sustentável de 3.776 hectares de terra por meio de iniciativas como conservação do solo, reflorestamento e agroflorestamento, ao mesmo tempo em que forneceu fogões a 50 famílias e programas de treinamento para mais de 8 mil membros da comunidade sobre manejo florestal sustentável. Além disso, colaborou com o Instituto Nacional de Florestas e trabalha com organizações locais de base e MPMEs para promover a inclusão, a igualdade de gênero e o empoderamento dos povos indígenas por meio da produção e da venda de artigos de madeira e têxteis. 

 

Kpanyan Community Land Development and Management Committee – Libéria  

Em 2019, o Comitê de Desenvolvimento e Gestão de Terras da Comunidade de Kpanyan tornou-se a primeira comunidade no sudeste da Libéria a obter a propriedade formal de suas terras tradicionais, protegendo mais de 40 mil hectares de floresta altamente biodiversa e implementando intervenções agrícolas sustentáveis para aumentar a segurança alimentar e a resiliência climática. Seu sucesso inspirou sete outros distritos da região a registrarem seus direitos de terra consuetudinária, levando ao desenvolvimento de planos de uso sustentável da terra que se estendem por mais de 700 mil hectares de terras, em sua maioria florestas.