América Latina e Caribe enfrentaram um duplo desafio no último século: consolidar uma prática democrática duradoura e reduzir a desigualdade. O início deste século apresentou uma nova oportunidade para a região enfrentar, pela primeira vez, com sucesso os dois desafios através de uma reforma do Estado clara e fundamentalmente destinada a fortalecer a relação entre o Estado e os cidadãos, ou seja, uma reforma com uma vocação claramente democrática. Em todo esse tempo transcorrido desde as democratizações nos anos 80, o principal ativo das democracias latino-americanas tenha sido sua permanência. Mas, é muito arriscado contentar-se com a sua mera sobrevivência sem olhar diretamente para as decepções que os cidadãos acumularam diante das promessas não cumpridas de suas democracias e de seus estados. E isso porque, além da frustração da expectativa de alcançar maior equidade econômica e social – a região está no topo do ranking mundial de desigualdade – há problemas como a insegurança, a corrupção no sistema político, as limitações persistentes na cobertura e na qualidade dos serviços públicos e o surgimento de novas demandas sociais e identitárias. Todas essas são questões que desafiam os principais pilares do que entendemos como um sistema democrático.