Tal como alguns outros países da região Subsariana de África, Angola tem um número consideravelmente baixo de pesquisadores a contribuir para estudos, em vários campos científicos se comparados aos dados globais. Esta questão que é partilhada em algumas outras partes do continente, reflecte fragmentos do sistema de educação conhecidos localmente, porém, na luta pela busca de profissionais, pesquisadores qualificados para ajudar a lidar com esta pandemia, esta crise sem precedentes, o problema apresenta-se em maior magnitude.
Apesar do perfil demográfico jovem do continente Africano, apenas cerca de 6% dos jovens da região Subsariana estão matriculados no ensino superior, comparando à média global (26%). Por outra, também lidamos com a questão da escassez de dados no sistema de ensino superior angolano, fazendo da necessidade de investigação científica contínua um tema amplamente debatido dentro e fora da comunidade académica do país.
Contudo, a grande ambição e vontade dos jovens em prosperar em todos os aspectos da vida, incluindo, os estudos, tem sido fundamental para a maneira como eles (no sistema de ensino, e não só) decidem encarar os desafios mais complexos da sociedade e numa altura como esta: a pandemia. Sendo assim, será que podemos recapitular o que aconteceu nos últimos tempos? À escala global, a COVID 19 tem vindo a afectar todos os domínios da humanidade e Angola não é excepção. Com o país ainda com restrições parciais e com o número de casos positivos de COVID 19 a aumentar diariamente, a adaptação ao novo normal tem sido um aprendizado. O ensino à distância, por exemplo, para a não interrupção dos estudos, tem sido globalmente usado e poderia ser uma alternativa para Angola, para substituir o ensino presencial em sala de aula.
Infelizmente, neste momento, as universidades locais têm tido certas dificuldades para oferecer esta alternativa, pois não possuem os equipamentos necessários para praticar o ensino à distância e, há ainda a questão da legislação que credencia o ensino e a avaliação online em processo. Porém, não obstante estes aspectos, felizmente outros avanços estão a ser desenvolvidos por pesquisadores nacionais (incluindo estudantes universitários e recém graduados), para que a comunidade científica possa impulsionar e melhorar o cenário actual, evitando consequências mais devastadoras.
Felizmente, as boas notícias e acções não têm parado por aí. O Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI) lançou recentemente, em parceria com a União Europeia, a UNI.AO, uma oferta que está fortemente focada no investimento, na promoção e na melhoria da capacidade nacional da investigação científica, permitindo às universidades não só aumentar o grau de especialização, a igualdade de acesso e o reconhecimento das instituições de pós-graduação, mas, sobretudo, ainda que em outra capacidade ou ritmo, cumprir o seu mandato central: formar a juventude angolana. Acordos similares incluem o do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) no financiamento de quase 200 projectos de investigação científica de várias instituições do ensino superior, em Angola, no âmbito do Projecto de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PDCT) do mesmo banco.
O trabalho contínuo do MESCTI para melhorar as infraestruturas das instituições de ensino superior, por exemplo, chegou ao Instituto Superior de Tecnologias Agroalimentares de Malange, cuja construção e apetrechamentofoi, então, concluído . A Tecnologia Agrícola (ou AgriTech), por exemplo, tem chamado a atenção nacional não apenas porque investir na agricultura faz parte da diversificação nacional da economia, ou pela sua importância na manutenção e criação de empregos, mas também pela robustez que pode ter a partir da inserção da tecnologia e inovação na optimização dos seus processos. Muitos curiosos, que incluem acadêmicos e não acadêmicos, têm demonstrado interesse pelo assunto e já é possível ver algumas inovações surgindo aos poucos.
Por outro lado, é importante ressaltar que mais fundos continuam a ser necessários. Uma maior disponibilidade financeira para as instituições académicas possivelmente permitir-lhes-á realizar mais pesquisas científicas e, consequentemente, teremos a possibilidade de contar com conhecimento local e expertise que, antes, provavelmente, teria de vir além fronteiras.
Adicionalmente, embora não seja um aspecto totalmente expandido neste artigo, impulsionar pela promoção de questões relacionadas ao gênero e diversidade de forma contínua mantem-se crucial. Estudos mostram que 27,1% dos investigadores em Angola são mulheres. Contudo, uma actualização dos dados não só ajudaria-nos a avaliar o nosso crescimento (ou não) como também mostraria-nos a recta a seguir em releção ao tema. Resumidamente, parece que está clara a necessidade de um investimento forte ao campo científico. Dele só,, inúmeras vantagens poderão contadas.
Este é um artigo de 3 partes. Continue lendo aqui: O que está acontecer? Como a Academia está responder à pandemia da COVID-19?
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