A promessa de saúde para todos

15 de September de 2023
Foto: PNUD Angola/Edgar Muinga

Foto: PNUD Angola/Edgar Muinga

Reunidos em Nova York nesta semana, líderes globais podem definir o rumo da saúde humana para toda uma geração.

Durante a Assembleia Geral da ONU, em de reuniões de alto nível sobre pandemiastuberculosecobertura universal de saúde e encontros para acelerar a implementação dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentávelacção pelo clima e financiamento para o desenvolvimento, os líderes terão uma oportunidade de abordar as crises que ameçam as pessoas e o planeta. 

Foto: PNUD Angola/Edgar Muinga

Foto: PNUD Angola/Edgar Muinga

Essas crises são interconectadas, com a saúde ao centro. A pobreza extrema aumentou após a COVID-19 pela primeira vez após uma geração, com as mulheres sofrendo as consequências mais pesadas da perda de empregos durante a pandemia. Mesmo com a pandemia aparentando diminuir para alguns, ela continua a ter efeitos negativos nas respostas de saúde, enquanto doenças infecciosas como a malária causadas pelo clima e conflitos ameçam mais pessoas e aumentam os riscos epidêmicos. 

Com a ausência de acções ambiciosas, o mundo não cumprirá as metas dos ODS relacionada à saúde e não estará preparado para futuras pandemias. 

Fotos: ONU Fotos/Loey Felipe (esquerda), ONU Fotos/Cia Pak (direita)

Fotos: ONU Fotos/Loey Felipe (esquerda), ONU Fotos/Cia Pak (direita)

Manter as promessas dos ODS, incluindo saúde para todas e todos, requer a construção de sistemas de saúde que não deixem ninguém para trás e alcancem primeiramente os mais necessitados. 

Quando programas e políticas são guiados pela ciência, pela igualdade e por acesso universal, nós podemos acabar com as pandemias, hoje e amanhã. 

Nossa experiência na resposta ao HIV e tuberculose por meio da parceria do PNUD com o Fundo Global nos dá valiosas lições. Em Angola, em Cuba e no Sudão, programas de saúde tem a finalidade de aumentar o acesso igualitário a inovações e cuidados de saúde, construindo sistemas de saúde resilientes e sustentáveis que ajudam a mitigar os riscos e se preparar para pandemias, para a crise do clima e outros desafios de desenvolvimento.

Foto: PNUD Angola/Edgar Muinga

Foto: PNUD Angola/Edgar Muinga

Inovações em testes para o HIV

O progresso para combater o HIV não é igualitário em todo o mundo. Em Cuba, o número de novas infecções caiu 13 por cento desde 2010, mas aumentou quase seis por cento em homens que se relacionam sexualmente com outros homens e cerca de 20 por cento em pessoas trangêneros em 2017. E aproximadamente um terço das pessoas vivendo com HIV em todo o país não estão recebendo tratamento, que salva vidas e previne novas infecções.  

O acesso a tratamento começa com as pessoas sabendo se têm HIV. Em 2022, aproximadamente um quarto das pessoas vivendo com HIV em Cuba não sabiam que tinham o vírus. Reverter esse cenário requer acesso rápido a testes, incluindo entre pessoas transgêneros e homens que se relacionam sexualmente com outros homens e que podem ser desencorajadas a acessar serviços de saúde por causa da discriminação e estigmas relacionados ao HIV.

Fotos: Rede MSM- Cuba /Daicel Perez Alvarez

Fotos: Rede MSM- Cuba /Daicel Perez Alvarez

Em outubro de 2022, o PNUD e o Ministério da Saúde Pública de Cuba implementaram o autoteste de HIV em Havana e nas principais cidades para pessoas transgêneros e homens que se relacionam sexualmente com outros homens. O autoteste é rápido e feito de forma privada, possibilitando que pessoas que tenham medo de fazer o teste por causa do stigma e discriminação acessem outros serviços de HIV rapidamente. 

Além de clínicas, o PNUD apoia a Rede MSM- Cuba e a Rede TransCuba no aconselhamento e serviços de saúde sexual, incluindo o teste rápido de HIV. As ONGs fazem os contatos sociais com centros comunitários e partes interessadas para o encorajar o teste de HIV, a prevenção e o tratamento. Desde a pandemida de COVID-19, a Rede MSM-Cuba oferece o teste rápido direto da casa de seus líderes para garantir a confidencialidade e aumentar o acesso. 

Em 2022, mais de 43 mil homens que se relacionaram sexualmente com outros homens e 1.010 mulheres transgêneros fizeram testes de HIV por meio das duas organizações, alcançando 15 por cento e 28 por cento, respectivamente, das populações estimadas de cada grupo. Aumentar a testagem é garantir que mais pessoas acessem tratamentos e serviços preventivos, o que alcançou 88 por cento dos homens que tiveram relações sexuais com homens com HIV e 92 por cento de pessoas transgêneros vivendo com o vírus em 2022. 

 

Foto: Rede MSM- Cuba /Daicel Perez Alvarez

Foto: Rede MSM- Cuba /Daicel Perez Alvarez

A Rede MSM-Cuba está implementando o projeto de autotestagem na unidade Prosalud de Havana para promover a autonomia comunitária. A conveniência e a privacidade do autoteste podem alcançar mais parceiros de pessoas vivendo com HIV e também quem não frequenta clínicas de saúde. 

Seguindo recomendações da OMS, a autotestagem será oferecida em todo o país em 2024 por meio de clínicas e organizações-chave lideradas pela própria população.  Esta abordagem empodera a comunidade e redes comunitárias para prevenir a disseminação do HIV. Também aumenta a cobertura de serviços de saúde para cumprir o objetivo de Cuba que é garantir que 95 por cento das pessoas com HIV saibam o diagnóstico, como parte da parceria da ONU com Cuba e organizações-chave para acabar com o HIV desde 1998. 

Foto: PNUD Angola/Edgar Muinga

Foto: PNUD Angola/Edgar Muinga

Igualdade para acabar com a tuberculose

O progresso global contra a tuberculose, um doença infecciosa mais letal que a AIDS, se inverteu com a COVID-19 e suas disrupções nos serviços de saúde e impacto nos meios de subsistência. Em Angola, a tuberculose continua como a terceira principal causa de morte em pessoas entre 15 e 49 anos, colocando o país entre os que mais registram casos de tuberculose anualmente.  

A cobertura de serviços de saúde é baixa, especialmente entre a população de baixa renda, com 60 por cento dos serviços para tratamento de tuberculose localizados na capital Luanda. Em 2018, mais de 12 por cento das famílias angolanas gastaram o equivalente a um quarto da renda com serviços de saúde, o que levou 1.6 milhão de pessoas à pobreza extrema. 

Foto: PNUD Angola/Edgar Muinga

Foto: PNUD Angola/Edgar Muinga

Junto com o Governo de Angola e a ONG Ajuda de Desenvolvimento de Pessoas para Pessoas, o PNUD apoia a conscientização sobre a tuberculose nas áreas remotas de Benguela e Cuanza Sul por meio do envio de trabalhadores comunitários de saúde, que desafiam o stigma e concepções erradas que podem atrasar o diagnóstico e prejudicar tratamentos. 

Trabalhadores comunitários de saúde conectam comunidades remotas com clínicas de saúde, fornecendo um contato vital para prevenir e agir contra a tuberculose. Eles alcançam pessoas que podem permancer sem diagnóstico e sem tratamento devido ao local em que moram e por não terem meios financeiros de custear um tratamento. Eles foram centrais para melhorar a cobertura dos casos de tuberculose após surgimento da COVID-19, que teve impacto negativo no número de testes de tuberculose. 

Na primeira metade de 2023, a parceria descobriu 97 por cento de cases esperados de tuberculose, um aumento de nove por cento em relação ao seis meses anteriores. Das pessoas que iniciaram o tratamento gratuito, 83 por cento foram curadas, um forte sinal de que mais pessoas que não tinham tratamento adequado agora acessam clínicas de saúde sem dificuldades financeiras, uma condição central para atingir a cobertura universal de saúde.

Foto: PNUD Sudão/Ala Eldin Abdalla Mohamed

Foto: PNUD Sudão/Ala Eldin Abdalla Mohamed

Serviços de saúde em crise

A crise de saúde no Sudão deixou dezenas de milhões de pessoas sem acesso adequado à assistência médica em um país severamente exposto aos efeitos adversos da mudança do clima. Mais de cinco milhões de pessoas fugiram da violência, um milhão para países vizinhos. O sistema de saúde do Sudão está sob pressão extrema, com mais de dois terços dos hospitais, principalmente em Cartum, fechados.

O acesso restrito a serviços de saúde tem grandes consequências. Globalmente, mais de 70 por cento das doenças infecciosas são registradas em áreas de conflito e áreas vulneráveis. Interrupções no tratamento de HIV e tuberculose aumentam os riscos de morte, a transmissão da doença e a resistência aos medicamentos.

 

Foto: PNUD Sudão

Foto: PNUD Sudão

O PNUD apoia trabalhadores, instalações de saúde e o fornecimento de medicamentos para continuar tratamentos médicos no Sudão. Junto com o Fundo Nacional de Fornecimento de Medicamento e o Programa Mundial de Alimentos, o PNUD entrega insumos para instalações de saúde que continuam em operação. Os insumos irão garantir as necessidades imediatas do Sudão para continuar o tratamento de 11,000 pessoas que vivem com HIV e garantirão a existência do programa de tratamento de tuberculose, com 21,000 casos esperados. 

O PNUD trabalha com o Programa Nacional de HIV e Tuberculose para mapear clínicas de saúde em operação e identificar todos os pacientes que requerem tratamento para o HIV e a tuberculose. O PNUD apoia os trabalhadores, as comunicações, fornece combustíveis e colabora com os custos operacionais em clínicas de saúde estaduais e programas comunitários para continuar os serviços de tratamento e prevenção de HIV e tuberculose. Ainda, o PNUD irá instalar nove centro remotos móveis de tratamento de saúde em áreas de difícil acesso, incluindo o atendimento a pessoas deslocadas internamente, junto com o Ministério Federal da Saúde, a OMS e ONGs humanitárias. 

Foto: PNUD Sudão /Ala Eldin Abdalla Mohamed

Foto: PNUD Sudão /Ala Eldin Abdalla Mohamed

O PNUD também apoia a recuperação dos sistemas de saúde. O fornecimento de equipamentos para o diagnóstico de laboratórios, a instalação de energia solar em 110 unidades de saúde, o oxigênio fornecido por sete plantas e cilindros de Adsorção por Variação de Pressão (PSA) e dois grandes incineradores biomédicos de resíduos estão mantendo os serviços de saúde operacionais. 

O apoio do PNUD contribuirá na prevenção de uma ampla catástrofe humanitária, enquanto reforçará os sistemas de saúde na prevenção de novos surtos de HIV e tuberculose. Isso faz parte da Oferta de Estabilização Comunitária Emergencial do Sudão, que também apoia o a acesso a vagas de trabalho, a produção agrícola contínua e serviços essenciais como acesso a energia limpa e sistemas de energia solar e hídrica. Juntos, esses programas ajudam a salvaguardar o progresso socioecnômico e a combater déficits de desenvolvimento que causam conflitos e que podem aumentar o risco pandêmico. 

Foto: PNUD Sudão - Ala Eldin Abdalla Mohamed

Foto: PNUD Sudão - Ala Eldin Abdalla Mohamed

Mantendo nossa promessa

Em Angola, Cuba, Sudão e além, o PNUD está acelerando o progresso rumo aos ODS para garantir a promossa de acesso universal de saúde para todas e todos em um planeta próspero. Na saúde, estamos nos unindo a países e comunidades para construir a resiliência e sistemas de saúde inclusivos para acabar com pandemias como da tuberculose, alcançar a coberture universal de saúde e preparar para futuras pandemias, causadas pela mudança do clima e conflitos. 

Para os líderes globais que se reúnem em Nova York, complacência e soluções superficais nao serão suficientes. Nós precisamos ter a ambição necessária para mobilizar ações e investimentos em sistemas de saúde que fornecem serviços para todas e todos, em todos os lugares, hoje e amanhã. 

Nós precisamos manter a nossa promessa. 

Por vidas saudáveis e bem-estar em um planeta próspero.