Localizada no sertão da Bahia, a Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá – Coopercuc tem mais de 280 cooperadas e cooperados, que produzem doces, geleias de frutas nativas da região e, até mesmo, cerveja de umbu.

A cooperativa gera de dois a três mil reais de renda média para famílias que adotam técnicas de agricultura sustentável e se adaptam à desertificação do Semiárido nordestino. Hoje, elas vendem produtos para outros estados brasileiros e países europeus.

A cooperativa é um dos casos de sucesso apresentados em uma série de diagnósticos do projeto de cooperação técnica internacional “Coops Competitivas e Sustentáveis”, realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado da Bahia - Sescoop/BA e o PNUD.

Fundada nos anos 1990, a Coopercuc utiliza técnicas de manejo sustentável da terra e da água, tem política de zero desmatamento e não utiliza defensivos químicos nas plantações. Além disso, sua agroindústria é movida a energia fotovoltaica.

“A ideia de prezar por um produto de alta qualidade beneficia a comercialização. Temos trabalhado com a perspectiva de que podemos ser referência na comercialização sustentável”, afirma o presidente da Coopercuc, Adilson Ribeiro dos Santos.

“A cooperativa foi registrada no Oceb (Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado da Bahia) em 2020 e, desde então, foi apoiada com eventos e formações. Já tivemos capacitações para a parte administrativa e recebemos apoio para a participação em feiras nacionais e internacionais”, diz o engenheiro agrônomo e coordenador de vendas da Coopercuc, Dailson Andrade. 

“Acabamos nos destacando pela sustentabilidade, principalmente neste momento em que é preciso promover a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. O fato de não termos apenas o discurso, mas a prática, nos dá um diferencial”, completa. 

A Coopercuc é citada nos relatórios do projeto como destaque em sustentabilidade por fazer parte de uma rede de cooperação solidária atuante no Semiárido baiano. A rede de cooperação promove formações para agricultores e agricultoras familiares em técnicas produtivas de convivência com o Semiárido. As atividades resultaram na criação de uma rede de comercialização e trabalho com produtos das organizações sociais da região. 

Em termos de competitividade, a Coopercuc destaca-se por ter obtido certificação orgânica, que permitiu os primeiros embarques de doces de maracujá com banana para a Alemanha, em julho de 2020. Rodadas de negócios, portfólio digital, vitrine digital e missões prospectivas foram alguns dos instrumentos adotados para viabilizar as exportações.

Segundo Dailson Andrade, os cooperados participam, frequentemente, de capacitações e intercâmbios, que visam potencializar seus conhecimentos por meio do acesso a novas tecnologias e estratégias, mantendo na base seu valor social para as comunidades envolvidas.

“Aconselho todas as cooperativas a conhecerem a potencialidade ambiental do meio em que vivem, ter um diagnóstico concreto. A partir disso, podem pensar atividades que não degradem o meio ambiente e promovam a cultura da consciência ambiental.”

Atualmente, a Coopercuc é reconhecida nacionalmente e internacionalmente por sua presença nos mais variados mercados, levando produtos do bioma da Caatinga e garantindo condições mais dignas no Semiárido baiano.

Parcerias

Os relatórios elaborados no âmbito do projeto que visa ampliar a competitividade e a sustentabilidade das cooperativas do estado foram apresentados, neste mês, pelo Sescoop/BA, Oceb e PNUD a superintendências regionais, secretarias estaduais e instituições financeiras. 

Na ocasião, foi debatida a possibilidade de criação de um Observatório do Cooperativismo, que possibilitará a formação de uma rede de apoio à governança e à gestão das cooperativas do estado, tendo em vista a Agenda 2030 e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Segundo o coordenador local de projetos do PNUD, Leonel Neto, a iniciativa reforça o mandato do PNUD de apoio à implementação da Agenda 2030 e na utilização dos ODS como estratégia de sustentabilidade das organizações.

Para o superintendente do Sescoop/BA, Alberto Batista, tanto o projeto “Promovendo a Sustentabilidade e a Competitividade das Cooperativas Baianas”, como a eventual criação do observatório fortalecem o cooperativismo baiano a ampliam as oportunidades para as cooperativas registradas no Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado da Bahia – Oceb.

Participaram do encontro em Salvador (BA) representantes do Banco do Nordeste, Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/BA), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/BA), Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do Governo da Bahia (Setre), Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Bahia (SDE) e Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Emprego e Renda (Semdec) de Salvador.

Sobre o projeto

O PNUD firmou parceria com o Sescoop/BA em 2021 para fortalecer a competitividade das cooperativas baianas a partir da implementação dos ODS e da Agenda 2030, contribuindo para a geração de ocupação e renda no Estado da Bahia.

Com prazo de 24 meses, a iniciativa já produziu o diagnóstico sobre a realidade do sistema cooperativista baiano e está elaborando, de forma participativa, estratégias de sustentabilidade e competitividade para as cooperativas qu se inscreveram nas capacitações ofertadas.

O objetivo é impulsionar a Agenda 2030 nas atividades cooperativas, ampliar a produção e a rentabilidade, bem como possibilitar o acesso a novos mercados. Ao final do projeto, será efetuada a avaliação de impacto e compartilhadas as boas práticas construídas, além do fornecimento de assistência técnica.

Leia os relatórios:

Diagnóstico da competitividade das cooperativas baianas

Estratégia para Acesso a Mercados Nacionais e Internacionais

Boas Práticas e Estratégias para Aumento da Competitividade do Cooperativismo na Bahia