Estudo de ABDE e PNUD retrata a contribuição do Sistema Nacional de Fomento aos ODS

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 9, 2 e 8, nessa ordem, são os que mais recebem recursos

19 de September de 2023
Crédito: Rafael Martins/PNUD

O montante de recursos do Sistema Nacional de Fomento (SNF) direcionados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) cresceu 44% com relação a 2020. Os três principais ODS financiados pelas instituições do SNF entre 2020 e 2022 foram, nesta ordem: ODS 9 (Indústria, Inovação e Infraestrutura), ODS 2 (Fome Zero e Agricultura Sustentável) e ODS 8 (Crescimento econômico). Esses três objetivos concentraram 58% do total de recursos do SNF, calculados em R$652,5 bilhões, o correspondente à soma de desembolsos de 2020 a 2022.

Os dados estão na “Metodologia ABDE-PNUD de Alinhamento do Sistema Nacional de Fomento aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, publicação realizada mediante parceria entre o PNUD e a Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE). O estudo, recém-lançado, resulta de projeto conjunto iniciado em 2021 com o fim de mapear e classificar os recursos destinados pelo SNF aos 17 ODS.

O SNF é uma rede de mais de 30 instituições financeiras públicas e privadas de todo o Brasil que atuam em nível regional e nacional com o fim de promover o desenvolvimento do país por meio do financiamento a setores estratégicos. O SNF tem papel decisivo na viabilização de projetos, apoio financeiro a atividades produtivas, execução de políticas públicas, entre outras atribuições.

A “Metodologia ABDE-PNUD” teve como ponto de partida a pergunta “Qual é a contribuição do SNF aos ODS?”. Seus principais objetivos foram mensurar o alinhamento do SNF à Agenda 2030; expandir a capacidade de contribuição do SNF para o alcance dos ODS; melhorar o direcionamento de fluxos de capitais para atividades com maior contribuição socioambiental; identificar vocações e potenciais no financiamento dos ODS, assim como lacunas de financiamento ao desenvolvimento sustentável; expandir a capacidade do SNF de identificar novas oportunidades de negócio e formular estratégias de desenvolvimento; além de apoiar o desenvolvimento de taxonomias de financiamento adequadas para a atuação das Instituições Financeiras de Desenvolvimento.

“Na Década da Ação, o Sistema Nacional de Fomento chama para si, no Plano ABDE 2030 de Desenvolvimento Sustentável, o desafio de ser o braço financeiro do alcance dos ODS no Brasil, orientando as Instituições Financeiras de Desenvolvimento para fortalecer sua contribuição a partir de sua capilaridade e protagonismo no financiamento de longo prazo no país”, declara o presidente da ABDE, Celso Pansera, na abertura do documento.

Para a então representante residente do PNUD no Brasil, Katyna Argueta, “essa metodologia é um legado que permite ao SNF ter uma visão ampla de como seus recursos estão sendo direcionados para os ODS, possibilitando entendimento, reflexões, planejamentos, alinhamentos e destinação ou aplicação aos ODS que mais se adequam de acordo com a estratégia de cada instituição e do Sistema Nacional de Fomento como um todo.”

Outros achados do estudo ABDE-PNUD:

  • O ODS 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis), o ODS 7 (Energia limpa e acessível) e o ODS 10 (Redução das Desigualdades) também se destacaram entre os que receberam investimentos.
  • Os investimentos destinados ao ODS 13 (Ação contra a mudança global do clima) tiveram crescimento de 200% entre 2021 e 2022.
  • No total, os desembolsos cresceram 5% em 2021 e 44% em 2022 em relação a 2020, demonstrando o avanço do alinhamento da atuação do SNF à Agenda 2030 em diversas frentes.
  • A distribuição dos desembolsos pelos ODS reflete, principalmente, perfil e mandato de atuação das instituições para o desenvolvimento dos territórios, a vocação de cada uma delas e as características do mercado relativo a cada ODS.
  • Aproveitando a escala já existente dos recursos destinados aos ODS 2, 8 e 9, é possível — sem necessariamente alterar os volumes totais — alavancar os ODS que hoje recebem menos recursos, apenas incluindo, no desenho das linhas de financiamento, condicionantes ou incentivos relacionados aos ODS menos favorecidos.