Indígenas investem em capacitação e equipamentos para atividades de vigilância territorial e manejo sustentável no Amazonas

Ação é parte do projeto “Desenvolvimento do Turismo Comunitário e Cadeias Produtivas da Sociobiodiversidade”, uma das 40 iniciativas locais apoiadas pelo Projeto Floresta+ Amazônia.

27 de September de 2024
a group of people sitting in front of a crowd
Foto: Vanderson Apurinã

Os motores de popa são ideais para equipar veículos náuticos como lanchas, botes e barcos de pequeno porte. São um tipo de propulsor localizado na parte traseira das embarcações, a popa, daí o nome. Facilitam a pesca, a vigilância, o monitoramento e o manejo dentro de um território indígena. A importância desse equipamento levou a Associação do Povo Indígena Apurinã da Terra Indigena Itixi Mitari (APIATI) e a Associação das Mulheres Indígenas Trabalhadoras da Terra Grande, no Amazonas, a realizarem uma oficina sobre mecânica básica de motores de popa na Aldeia Santa Rita, na TI Itixi Mitari.

A iniciativa surgiu em resposta às necessidades das comunidades locais, que enfrentam desafios diários no manejo sustentável dos recursos naturais, especialmente na manutenção de motores. A ação teve apoio do PNUD e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), por meio do Projeto Floresta+ Amazônia, e contou com a parceria da Sociedade para a Pesquisa e Proteção do Meio Ambiente (Sapopema).

A oficina reuniu participantes de várias aldeias, incluindo jovens, mulheres e adultos. A programação combinou teoria e prática, capacitando os indígenas a realizar revisões periódicas, manutenções e pequenos reparos nos motores. Os participantes também receberam kits básicos de ferramentas, adquirindo a habilidade e a confiança necessárias para solucionar problemas técnicos de maneira independente.

Para o jovem indígena Mateus Jacinto, o conhecimento adquirido durante a capacitação vai ser essencial para as atividades diárias na aldeia. “Nós ainda não tínhamos muita experiência. Foi a primeira vez que tivemos contato com esse tipo de aprendizado. A gente aprendeu a desmontar e a montar o motor, a conhecer as peças, as ferramentas e os equipamentos. Primeiro, foi a teoria, depois, a prática. Foi um grande avanço para mim, uma experiência em que a gente saiu mecânico”, explicou.

“A oficina representou um passo importante para a sustentabilidade das aldeias, garantindo que suas atividades de manejo e transporte ocorram de forma eficiente e autônoma. Investir no conhecimento técnico dessas comunidades é essencial para a conservação”, ressaltou a assessora técnica da Sapopema, Neriane da Hora.

‘’Com o conhecimento adquirido, os indígenas agora podem manter seus motores funcionando sem depender de assistência externa, além de economizar ao realizar pequenos reparos localmente, evitando deslocamentos e custos adicionais nas cidades’’, completou a assessora.

A oficina aconteceu é parte do projeto “Desenvolvimento do Turismo Comunitário e Cadeias Produtivas da Sociobiodiversidade”, uma das 40 iniciativas locais apoiadas pela Modalidade Comunidades, do Floresta+ Amazônia. Ao todo, estão sendo investidos mais de R$ 33 milhões em oito dos nove estados da Amazônia Legal.

O Projeto Floresta+ Amazônia é uma iniciativa PNUD e do MMA, com apoio do Fundo Verde para o Clima (GCF). Até 2026, serão investidos 96 milhões de dólares nos estados amazônicos, por meio de ações e incentivos financeiros, com pagamentos por serviços ambientais e a execução de projetos que beneficiarão diretamente as comunidades locais. 

Saiba mais: www.florestamaisamazonia.org.br