MMA e PNUD apoiam tradição de produção de farinha em quilombos do Maranhão

Iniciativa faz parte do Projeto Floresta+ Amazônia, beneficiando cerca de 70 famílias das comunidades quilombolas de Quebra e Pedrinhas, município de Anajatuba – MA.

9 de Abril de 2025

O Projeto Floresta+ Amazônia fortalece laços ancestrais e transforma vidas em comunidades quilombolas por meio da reforma de casas de farinha.

Foto: Acervo Pessoal das Comunidades e ISPN

Por trás das iniciativas apoiadas pelo Projeto Floresta+ Amazônia, estão histórias de tradições seculares muitas vezes desconhecidas do resto do Brasil. É o caso da reforma de casas de farinha em comunidades quilombolas no município maranhense de Anajatuba, distante cerca de 140 km de São Luís e banhado pelo Rio Mearim. Ao fortalecer o vínculo dessas famílias com suas raízes, o projeto lhes trouxe dignidade, esperança, trabalho e renda. 

No âmbito da Modalidade Comunidades, em parceria com o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), o Projeto Floresta+ apoiou a União das Associações Quilombolas das Comunidades Remanescentes de Quilombos (Uniquituba) na reforma de duas agroindústrias nos quilombos Quebra (que abrange ainda as comunidades de Capim e Bom Jardim) e Pedrinhas. 

Ao todo, 70 famílias foram contempladas, sendo 40 em Quebra e 30 em Pedrinhas. Cada casa de farinhas tem capacidade para produzir 400 kg diários, o que vai gerar uma produção mensal de 8.800 Kg. 

Cada casa de farinhas tem capacidade para produzir 400 kg diários, o que vai gerar uma produção mensal de 8.800 Kg.

Foto: Acervo Pessoal das Comunidades e ISPN

A reforma foi acompanhada pela Vigilância Sanitária do Maranhão e recebeu o alvará de funcionamento ao seguir todos os trâmites burocráticos e de higiene, dotando as agroindústrias de equipamentos adequados e estrutura necessária para entrar no mercado de forma correta. Sanitários, piso, depósito forrado, cômodos para processamento, tudo novinho em folha.

Para a líder comunitária e presidente da Uniquitiba, Eliane Frazão, o apoio do Floresta+ contemplou além de uma reforma apenas, mas também a ampliação de oportunidades para a comunidade. “Foi um marco de transformação. É toda uma questão da tradição da farinha que vai além da nossa culinária, tem a ver com a questão histórica do nosso território, da nossa identidade. Também tem a ver com nossa segurança alimentar, porque nós também consumimos a farinha e a tapioca, além da comercialização”, ressaltou. 

Frazão enfatiza ainda que as novas casas de farinha vão possibilitar uma melhoria na qualidade dos produtos fabricados – farinha e tapioca – porque as comunidades têm agora condições de fazer um controle mais rigoroso. “Antes, nós não podíamos participar das vendas ao poder público. Agora, sim, podemos. Também estamos pensando em realizar cursos para aprimorar os conhecimentos e melhorar ainda mais a qualidade”, completou. 

Ao todo, 70 famílias foram contempladas.

Foto: Acervo Pessoal das Comunidades e ISPN

A coordenadora do ISPN no Maranhão, Ruthiane Pereira, explica que a previsão é de que a produção de farinha de mandioca e tapioca cresça 80%. “É o fortalecimento das tradições quilombolas e da cadeia produtiva da mandioca, gerando emprego e renda, e que faz parte da parceria do ISPN com a Uniquitiba no âmbito do projeto ‘Renascimento Agroecológico nos Quilombos: Roças, Quintais e Agroindústrias Quilombolas do projeto Floresta+ Amazônia’”, destacou. 

Projeto Floresta+ Amazônia é uma iniciativa de cooperação internacional do governo brasileiro, por meio do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), em parceria com o PNUD, com o apoio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e financiado pelo Fundo Verde para o Clima (GCF).