A Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SNPIR/MMFDH) e o PNUD anunciam as 11 organizações selecionadas para financiamento de iniciativas voltadas à igualdade racial a serem implementadas em 2022. Ao todo, será investido R$ 1,445 milhão. Essas organizações participaram de editais públicos dentro do projeto de cooperação técnica destinado ao fortalecimento do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial. O sistema – previsto no Estatuto da Igualdade Racial – organiza e articula políticas e serviços destinados a superar as desigualdades raciais no Brasil, tendo a participação de estados e municípios como centrais na implementação e acompanhamento das políticas.
“Estamos sempre buscando maneiras de fortalecer as políticas de promoção da igualdade racial. Esses editais são parte do nosso esforço. Ajudar financeiramente projetos que no futuro vão voltar para a população, que é quem, de fato, deve receber as políticas públicas”, afirma o secretário Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Paulo Roberto.
Entre as 11 propostas selecionadas, cinco serão implementadas pelos Núcleos de Estudos Afro-brasileiros (NEABs) de universidades federais. Os instrumentos dos acordos entre PNUD e as organizações serão assinados a partir de 1° de dezembro.
Veja abaixo detalhes das iniciativas selecionadas:
Projeto Yá Bahia – Afroempreendedoras da Gastronomia
Organização: Associação Humana Povo para Povo Brasil
Projeto contribuirá para a efetivação de igualdade de oportunidades para jovens negras, por meio de ações de formação profissional, fomento ao empreendedorismo e enfrentamento do racismo no bairro da Paz, em Salvador (BA). Para isso, ofertará formação em culinária baiana a 60 jovens e mulheres afrodescendentes e apoiará 30 empreendimentos de mulheres participantes da formação. Todas elas participarão também de atividades de fortalecimento da identidade negra e acompanhamento psicossocial, com vistas à não evasão da formação.
Produção de peneiras: extrativismo responsável e sustentável de tabocas e bambu
Organização: Instituto Brasileiro de Inovações Pró Sociedade Saudável do Centro-Oeste
O projeto a ser executado na Comunidade Quilombola Rural de Furnas do Dionísio – localizada em Jaraguari (MS) – beneficiará diretamente 20 mulheres. A iniciativa está voltada à replicação e ampliação de ações relacionadas ao uso das tabocas e bambus na produção de peneiras e outros produtos, de maneira a reforçar o desenvolvimento e a divulgação da história, das produções artesanais, da comida – costumes locais nativos na comunidade.
Gbogbo Aso - Moda, Ancestralidade e Empreendedorismo
Organização: Ilé Asé Ògún Alàkòró
Consiste na realização de uma oficina de capacitação de empreendedorismo para 10 mulheres negras da região do Quilombo Quilombá, localizado em Magé (RJ), tendo como resultado a criação de uma coleção de roupas para a marca Gbogbo Aso. A marca que significa “roupa para todos” apresenta identidade ligada a valores e simbologias da identidade cultural negra, dos orixás cultuados em candomblé, das tendências do mercado e de negócios. Gbogbo Aso já existe atualmente no quilombo de forma embrionária. O investimento impulsionará ao mercado. As participantes receberão bolsas para fazer as atividades de formação.
Formação para o enfrentamento ao racismo institucional e à intolerância religiosa
Organização: Centro de Estudos, Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico em Saúde Coletiva (CEPESC)
Prevê a oferta de curso online sobre racismo institucional e intolerância para 30 profissionais da rede multidisciplinar de atendimento a adolescentes e jovens. Os dez módulos da formação incluem temas como tipificação das diversas modalidades de racismo e os diagnósticos sociodemográficos desse grupo etário. Depois da primeira etapa, os participantes serão acompanhados no desenvolvimento de planos de combate ao racismo institucional, voltados para os serviços que atendem jovens e adolescentes na cidade do Rio de Janeiro (RJ).
ODUDUWÁ – Promoção, Valorização e Respeito a Diversidade
Organização: Casa de Cultura Ilê Asé D’Osoguiã - CCIAO
A iniciativa pretende realizar formações com comunidades quilombolas em 10 municípios paraibanos sobre o tema “Plano Estratégico para Fortalecimento da Cidadania de Povos e Comunidades Tradicionais Quilombolas”. Ao final de cada curso, será entregue um plano para as prefeituras dos seguintes municípios: João Pessoa, Conde, Dona Inês, Gurinhém, Alagoa Grande, Santa Luzia, Pombal, Várzea, Cajazeirinhas e Catolé do Rocha.
O axé da cerâmica, cerâmica de axé
Organização: Ile Ase Dajo Oba Ogodo
Voltado à geração de impacto socioeconômico com geração de renda de povos e comunidades tradicionais de terreiros em Extremoz (RN). Serão oferecidas formação básica em modelagem e escultórica em cerâmica e em empreendedorismo, acompanhada de ações de resgate da memória da produção e uso da cerâmica como patrimônio cultural dessas comunidades.
Mapeamento Socioeconômico dos Povos Tradicionais de Matriz Africana
Organização: União dos Negros pela Igualdade
Iniciativa vai elaborar indicadores e subsídios para o aprimoramento das políticas públicas de inclusão social povos tradicionais de matriz africana, de combate ao racismo e de redução das desigualdades raciais no Espírito Santo (ES). O documento será produzido como base no diálogo com lideranças e autoridades tradicionais de matriz africana, estruturado a partir de demandas expressas em diversas instâncias de participação social.
Matriz da violência contra as mulheres: Crítica e intervenção na articulação entre os movimentos sociais e a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB)
Iniciativa busca compreender as dinâmicas e as percepções da violência contra as mulheres em três cidades baianas (Feira de Santana, Cachoeira e Santo Antônio de Jesus). Depois de mapear as estratégias existentes de enfrentamento no âmbito individual, familiar e da comunidade diante desse fenômeno, o projeto criará um observatório, que articulará conhecimento da universidade com as ações de enfrentamento desenvolvidas pelo poder público e pela sociedade civil. A violência de gênero é agravada entre as mulheres negras. A UFRB perdeu, em 2018, uma aluna quilombola vítima de feminicídio.
Observatório de Políticas de Ações Afirmativas do Estado de Goiás: inclusão, desenvolvimento social e promoção da igualdade étnico-racial
Da Universidade Federal de Goiás (UFG)
Visa à criação do Observatório de Políticas de Ação Afirmativa do Estado de Goiás. Trata-se de ação de extensão articulada à pesquisa do Núcleo de Estudos Africanos, Afrodescendentes e Indígenas (NEADI), com objetivo de mapear e monitorar as ações afirmativas promovidas pelas instituições públicas de ensino superior goianas, com o objetivo de aperfeiçoar instrumentos de inclusão e desenvolvimento social da população negra, quilombola e indígena.
Censo das ações afirmativas
Da Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
Iniciativa propõe a elaboração do censo das cotas raciais implementadas na Universidade Federal de Alagoas (UFAL) há 10 anos. O objetivo é identificar se o percentual pretendido pela lei foi alcançado e avaliar os resultados dos esforços para a permanência desses alunos.
Construindo caminhos para a equidade étnico-racial
Da Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
Prevê oferta de curso de formação sociopolítica para adolescentes negros e negras periféricos matriculados em escolas de São Luís (MA) com o intuito de apoiá-los para enfrentar desigualdades raciais e propor alternativas para consolidação de práticas educativas antirracistas e emancipatórias. Pretende-se oferecer para os/as adolescentes negros e negras inseridas no curso formação política com temas relevantes para o entendimento da questão racial no Brasil, estimulando-os a acessarem o ensino superior, preferencialmente em universidades públicas, contribuindo para a redução das desigualdades étnico-raciais.