Vencedora de concurso do ODS 18 tem 19 anos e se inspirou em amiga para criar logomarca

A logo foi a mais votada na plataforma Participa +BR e será utilizada nas ações do governo brasileiro, dos organismos da ONU no Brasil e nas ações de internacionalização do novo Objetivo Global.

26 de September de 2024
graphical user interface, website

Autodidata em design gráfico, a paulistana Brenda Gomes Virgens, de 19 anos, disse ter se inspirado em uma amiga do Ensino Médio para criar a marca vencedora.

Acervo pessoal

“Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”. Com essa frase, a vencedora do concurso da logo do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 18, de igualdade étnico-racial, definiu sua motivação para participar da disputa e criar a marca do ODS adotado de forma voluntária pelo Brasil na Agenda 2030. 

Autodidata em design gráfico, a paulistana Brenda Gomes Virgens, de 19 anos, disse ter se inspirado em uma amiga do Ensino Médio para criar a marca vencedora, que mostra a silhueta de uma mulher negra com a figura de um homem indígena no cabelo. A ideia foi enfatizar que a luta étnico-racial é uma jornada coletiva, na qual cada contribuição é vital para alcançar a justiça e a igualdade para todos.

A logo de Brenda foi a mais votada na plataforma Participa +BR com 705 votos, frente a outras duas finalistas, que ficaram com 398 (Daniela Nogueira) e 284 (Elisama Millet) votos, e será utilizada nas ações do governo brasileiro, dos organismos das Nações Unidas no Brasil e nas ações de internacionalização do ODS 18.

Foi com a amiga Maria Olívia, de 19 anos e estudante de moda da Universidade de São Paulo (USP), que Brenda aprendeu sobre a luta do movimento negro no Brasil e a importância de as pessoas brancas combaterem ativamente o racismo. “Tenho muitos amigos que me inspiram, mas ela me inspira mais. Desenho pensando nas coisas que ela usa e gosta”, contou Brenda, moradora de Carapicuíba, na grande São Paulo. 

A jovem relatou a surpresa ao receber na sexta-feira (20) o telefonema da oficial de gênero e raça do PNUD, Ismália Afonso, para informá-la de que sua logo tinha sido a escolhida entre as três finalistas do concurso, e que receberia o prêmio de R$10 mil. 

Autodidata – “A Ismália me mandou o link com a postagem da Janja (primeira-dama brasileira) levantando meu desenho em Nova York”, contou Brenda. “Fiquei muito feliz. Eu estava com meu professor na hora, e comemoramos muito. Falei com a Maria Olívia logo depois, que gostou muito do desenho”, declarou. 

Brenda referia-se a um professor do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em Barueri, no qual cursa Aprendizagem Industrial Gráfica. Ela está sendo treinada para participar das seletivas estaduais para as Olimpíadas do Conhecimento de Design Gráfico. 

“Aprendi design gráfico sozinha, pois sempre gostei de desenhar. Já fazia desenhos para a loja da minha mãe, que vendia bolos e doces. Também vendia outros desenhos para pessoas conhecidas”, contou.

Agora, Brenda pretende focar nas Olimpíadas do Conhecimento e guardar o dinheiro recebido para despesas futuras. Também está estudando para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e para o vestibular, já que pretende entrar na Faculdade Belas Artes, localizada no bairro de Vila Mariana, em São Paulo (SP).

“Adotar o ODS 18 foi uma brilhante ideia do Brasil, porque essa luta é muito importante para o desenvolvimento. Além disso, pode inspirar outros países a fazer o mesmo”, concluiu. 

a woman talking on a cell phone

Foi com a amiga Maria Olívia, de 19 anos e estudante de moda da Universidade de São Paulo (USP), que Brenda aprendeu sobre a luta do movimento negro no Brasil.

Acervo pessoal

Sobre o concurso  Lançado em julho deste ano pelo PNUD em parceria com a Secretaria-Geral da Presidência da República, o Ministério da Igualdade Racial e o Ministério dos Povos Indígenas, o concurso definiu a marca do novo ODS, de forma a possibilitar a identificação do novo objetivo proposto pelo Brasil de forma alinhada à identidade visual dos outros 17 ODS.

Ao todo, foram recebidas 259 propostas, sendo 123 homologadas. Entre elas, 54 pessoas se identificaram como negras, pretas ou pardas, 68 como brancas e uma como indígena. Cento e trinta e seis propostas não foram homologadas por não apresentarem os arquivos obrigatórios apontados no edital. A comissão julgadora analisou as marcas e seus manuais de identidade visual com base nos critérios de criatividade, originalidade, aplicabilidade e comunicabilidade.

O ODS 18 é uma iniciativa voluntária do Brasil para colocar o combate ao racismo no centro dos esforços para o desenvolvimento sustentável e para o alcance da Agenda 2030. A iniciativa tem sido liderada por câmara temática da Comissão Nacional para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (CNODS) e pelo Ministério da Igualdade Racial. 

Compromisso brasileiro  Um grupo de trabalho coordenado pelo Ministério da Igualdade Racial tem se dedicado desde 2023 à discussão e à elaboração de metas e indicadores para o acompanhamento e a implementação do ODS 18 até 2030. O anúncio foi feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura da Assembleia Geral da ONU em setembro do ano passado.

Desde então, foram estabelecidas metas que serão incluídas no ODS 18, entre elas: eliminar a discriminação étnico-racial no trabalho; eliminar as formas de violência contra povos indígenas e afrodescendentes; garantir acesso ao Sistema de Justiça por pessoas negras e indígenas; promover memória, verdade e justiça para a população negra e indígena.

Outras metas do ODS 18 incluem: assegurar habitação adequada e sustentável para a população negra e indígena; assegurar acesso à atenção de saúde de qualidade para a população negra e indígena; assegurar educação de qualidade para a população negra e indígena; garantir diálogo e participação social para a população negra e indígena; eliminar a xenofobia e tratar imigrantes negros e indígenas com dignidade. 

Comissão Nacional – Recriada no ano passado pelo governo federal com apoio do PNUD, a Comissão Nacional para os ODS (CNODS) contribui para a internalização da Agenda 2030 no país, estimula sua implementação em todas as esferas de governo e junto à sociedade civil, além de acompanhar, difundir e dar transparência às ações para o alcance das suas metas e ao progresso no alcance dos ODS.

A Comissão é composta por 42 representantes ministeriais, 42 representantes da sociedade civil e quatro representantes de governos locais e estaduais, incluindo frentes e associações nacionais que reúnem municípios. 

A CNODS também conta com comissões temáticas que abordam a implementação da Agenda 2030 no país. Algumas delas já foram criadas, incluindo a referente ao ODS 18, à proteção de povos e comunidades tradicionais e à territorialização dos ODS.

O PNUD tem apoiado a criação e a implementação da Comissão Nacional para os ODS por meio de projeto de parceria com a Secretaria-Geral da Presidência da República para fornecer assessoria técnica e orientações para garantir mais participação de sociedade civil, setor privado e academia no acompanhamento do alcance dos Objetivos Globais no Brasil.