PNUD global cita exemplos de mulheres que utilizaram as tecnologias digitais para reduzir desigualdades de gênero em suas comunidades e promover o desenvolvimento sustentável.
Uso apropriado de tecnologias digitais impulsiona igualdade de gênero
10 de April de 2023
O nome dela é Nino. Ela administra uma organização sem fins lucrativos que promove o pensamento inovador e a transformação possibilitada pela tecnologia na Geórgia.
Jiang é uma engenheira chinesa que projetou um sistema de refrigeração que elimina o uso de produtos químicos prejudiciais à Camada de Ozônio.
E no Uzbequistão, a startup de assistência médica criada por Nozimahon permite que os pacientes agendem virtualmente uma visita com uma enfermeira, a qualquer hora do dia ou da noite.
Mulheres como Nino, Jiang e Nozmahon estão usando a tecnologia digital como força motriz para remodelar sociedades e economias.
Mas, embora a era digital permita avanços sem precedentes, ela também está criando profundos desafios que podem perpetuar os padrões existentes de desigualdade de gênero e aprofundar a divisão digital.
O efeito Covid-19
Durante anos, a transformação digital soou distante, cara ou fora de alcance em muitos cantos do planeta. Mas a pandemia quebrou todos os moldes, forçando-nos a abraçar uma transição para a tecnologia digital em um ritmo vertiginoso. O número de usuários da Internet cresceu mais de 10% em 2020, o maior aumento anual em uma década.
Basanti é uma dessas novas usuárias. Quando a pandemia chegou, esta senhora idosa da Índia se inscreveu para o treinamento de alfabetização digital, junto com mais de 20.000 idosos no país, incluindo pessoas com deficiência. Agora, Basanti pode pagar contas e solicitar benefícios do governo por meio de seu smartphone.
Şerife lidera uma cooperativa empresarial feminina em Gazipaşa, na Turquia. Durante a pandemia, ela e suas sócias, junto com outras 4.000 pequenas e médias empresas do país, aproveitaram para aprender a disponibilizar seu trabalho no ambiente online e administrar suas finanças digitalmente. Por meio da plataforma eletrônica que construíram, conseguiram não apenas manter a cooperativa funcionando diante dos bloqueios, mas também apoiar atividades que promovem a prosperidade das mulheres.
A desigualdade de gênero no acesso à Internet
Apesar dos avanços obtidos durante a pandemia, os benefícios de um mundo conectado digitalmente não são distribuídos igualmente.
A falta de acessibilidade e habilidades digitais, bem como os temores em relação à privacidade e segurança, trazem o risco de que a rápida transformação digital possa realmente agravar a desigualdade de gênero em vez de reduzi-la.
Atualmente, 2,7 bilhões de pessoas não têm acesso à Internet, sendo mulheres e meninas a maioria. Um estudo recente descobriu que os homens têm 21% mais chances de estar online do que as mulheres, e esse número sobe para 52% nos países menos desenvolvidos. Isso está acontecendo em um momento em que 90% dos empregos já possuem um componente digital.
Nas economias em desenvolvimento, entre as pessoas com contas bancárias, os homens são mais propensos do que as mulheres a fazer ou receber pagamentos digitais. Essa diferença de gênero no uso de finanças digitais permanece praticamente inalterada desde 2014. Isso significa que as mulheres têm mais dificuldade em ganhar e economizar renda, expandir seus negócios e tirar suas famílias da pobreza.
A desigualdade no acesso à esfera digital tem altos custos econômicos e sociais para todos nós. Como resultado, os países em desenvolvimento perderam US$ 1 trilhão em produto interno bruto na última década. E os Estados-membros da ONU estabeleceram que os direitos humanos de que desfrutamos no mundo físico permanecem quando estamos online. Portanto, tornar os espaços digitais acessíveis e seguros para as mulheres é um imperativo moral e econômico.
Um impulsionador poderoso, se ativado devidamente
Kunzang é mãe de três filhos no Butão. Sua bolsa estourou prematuramente na terceira gravidez e, quando ela chegou ao hospital, os médicos disseram que seu bebê estava em perigo. Graças a um dispositivo digital que monitora a frequência cardíaca fetal e as contrações uterinas, as complicações foram detectadas precocemente e Kunzang pôde receber atendimento imediato.
Na República Dominicana, Magda é uma das mais de 8.500 mulheres políticas que ganharam visibilidade por meio de uma plataforma digital que promoveu candidatas mulheres na campanha eleitoral de 2020. Esse espaço virtual ajudou a aumentar a participação das mulheres na política e, por sua vez, melhorou o equilíbrio de gênero no governo. Magda é agora uma representante no parlamento do país.
Os exemplos de Kunzang e Magda mostram que a tecnologia digital pode ser uma aliada poderosa da igualdade de gênero, se utilizada devidamente.
A tecnologia digital desempenha um papel fundamental no fortalecimento da resiliência das mulheres e de suas comunidades em tempos de crise, mantendo os serviços sociais essenciais funcionando.
A Internet tem o poder de transformar as economias. Uma maior igualdade de gênero online impulsiona o crescimento econômico e leva a melhores resultados de desenvolvimento e prosperidade econômica de longo prazo.
A tecnologia digital também tem o poder de melhorar a governança, oferecendo novas formas para mulheres e meninas participarem e contribuírem com a sociedade.
Mas, se utilizada sem levar em consideração as necessidades e os direitos de mulheres e meninas, a tecnologia digital pode ser uma faca de dois gumes que alimenta a violência e o assédio, especialmente online.
De fato, 85% das mulheres online já testemunharam assédio, discurso de ódio, trolling e outras formas de violência digital contra outras mulheres, e 38% experimentaram isso pessoalmente.
Em resposta a essa ameaça, Valeria e Tetiana decidiram iniciar uma busca online gamificada para aumentar a conscientização sobre a violência digital baseada em gênero na Ucrânia. E Fátima, do Quirguistão, lançou um chatbot que permite que mulheres identifiquem sinais de abuso psicológico e financeiro online.
Indo além dos estereótipos
As normas sociais discriminatórias no espaço digital são frequentemente combinadas com as do mundo analógico, criando uma atmosfera que impede as mulheres de terem acesso igualitário às carreiras associadas. As mulheres representam apenas 28% da força de trabalho em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) e 22% no campo da inteligência artificial.
Mas Nino, Jiang e Nozimahon, como outras mulheres mencionadas nesta história e muitas outras, demonstram que a tecnologia digital precisa das mulheres tanto quanto as mulheres precisam da tecnologia digital. Elas são um sinal claro de que as carreiras não têm gênero e que, quando as mulheres têm acesso à tecnologia digital, elas podem ser uma força para mudanças positivas radicais.
Ir além dos estereótipos na era digital permitirá que pessoas como Aidana continuem construindo o primeiro satélite do Quirguistão; ou que Lorna prospere como desenvolvedora web front-end e back-end; ou que Yine eduque a próxima geração de mulheres cientistas do Sudão do Sul; ou que Raghda expanda o aplicativo móvel que ela criou para fornecer programas de bem-estar personalizados no Egito.
Fechando duas lacunas ao mesmo tempo
O tema do Dia Internacional da Mulher 2023 foi "DigitALL: Inovação e Tecnologia para Igualdade de Gênero". Ao celebrar as conquistas das mulheres nessa área, o tema também destaca a necessidade de abordagens sensíveis ao gênero para tecnologia, inovação e educação digital.
O PNUD trabalha por meio de sua Estratégia de Igualdade de Gênero e é guiado por sua Estratégia Digital para reduzir a lacuna de gênero e a exclusão digital, colocando a igualdade de gênero no centro da digitalização e garantindo que a transformação digital não deixe ninguém para trás.
Até agora, o PNUD apoiou mais de 100 países na adoção de estratégias digitais essenciais, incluindo soluções para lidar com as desigualdades de gênero e promover o empoderamento de mulheres e meninas.
A transformação digital oferece imensas possibilidades para enfrentar nossos maiores desafios e alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Mas seu potencial não pode ser realizado sem a inclusão total de metade da população.
Ferramentas do PNUD para transformar realidades
Esta iniciativa ajuda a responder a todas as formas de violência contra mulheres e meninas na África, Ásia, Caribe, América Latina e Pacífico.
Criada pela ONU e apoiada pela União Europeia e outros parceiros.
Rastreador global de resposta de gênero para a Covid-19
Esta plataforma monitora as iniciativas nacionais de resposta à pandemia que abordam diretamente a segurança socioeconômica de mulheres e meninas, bem como a violência contra elas.
Criada por PNUD e ONU Mulheres