Prêmio Equador 2024 homenageia onze povos indígenas e comunidades locais

Os agraciados deste ano, entre eles dois grupos brasileiros, colocam a natureza no centro da ação climática.

9 de August de 2024
Premio Equador

Associação indígena do Mato Grosso do Sul, a CAIANAS tem como foco a melhoria da qualidade de vida e a proteção ambiental nas regiões do Cerrado e do Pantanal.

Foto: PNUD LAC

Nova York – O PNUD e seus parceiros têm o prazer de anunciar os vencedores do Prêmio Equador 2024. Celebrando seu 15º ciclo, o Prêmio Equador deste ano homenageia onze povos indígenas e comunidades locais de oito países, abrangendo Ásia, África e América Latina e Caribe. O Brasil está entre eles. A seleção se deu a partir de um competitivo grupo de mais de 600 indicações de 102 países.

Sob o tema “Natureza para Ação Climática”, os vencedores de 2024 exemplificam o potencial transformador das soluções baseadas na natureza, lideradas por povos indígenas e comunidades locais, no combate à crise climática. Eles promovem iniciativas que não apenas protegem, conservam e restauram ecossistemas, mas também integram a natureza em estruturas de planejamento, preservam o patrimônio cultural, aumentam a resiliência aos impactos das mudanças climáticas e promovem uma economia verde justa, inclusiva e circular.

“Os Povos Indígenas e as comunidades locais detêm as chaves para soluções climáticas eficazes. Eles pavimentam o caminho para um futuro sustentável tanto para as pessoas quanto para o planeta. Sua sabedoria e liderança iluminam o caminho para a resiliência climática, economias verdes equitativas e um mundo positivo em relação à natureza. Vamos honrar e apoiar esses guardiões da Terra enquanto reimaginamos nossos sistemas globais para nutrir e sustentar a vida por gerações futuras”, afirmou o Secretário-Geral Adjunto da ONU e Diretor do Escritório do PNUD para Políticas e Apoio a Programas, Marcos Neto.

Alinhado ao tema do Dia Internacional dos Povos Indígenas deste ano, “Proteger os Direitos dos Povos Indígenas em Isolamento Voluntário e Contato Inicial”, um dos vencedores brasileiros deste ano se destaca por sua dedicação em defender os direitos, o conhecimento tradicional e os territórios de 16 comunidades indígenas, incluindo muitas em isolamento voluntário – uma das maiores regiões do mundo a abrigar tais comunidades.

Entre os vencedores de 2024 estão uma variedade de projetos, incluindo uma comunidade indígena que inova no turismo científico para a conservação da biodiversidade e a preservação do patrimônio cultural; uma organização liderada pela comunidade que promove a paz por meio da produção sustentável de café; uma empresa fintech que utiliza tecnologia para oferecer financiamento climático acessível a pequenos agricultores indígenas; uma ONG fundada por jovens que defende a proteção e a restauração de áreas úmidas por meio da educação ambiental e da mobilização de ativistas ambientais; uma reserva natural administrada pela comunidade, que garante a coexistência sustentável entre habitação humana, agricultura e vida selvagem; e uma organização local que apoia os meios de subsistência sustentáveis das comunidades rurais por meio da gestão sustentável de recursos de sementes.

Juntos, os vencedores de Brasil, Bangladesh, Colômbia, Irã, Quênia, Marrocos, Senegal e Zâmbia tornam-se parte de uma prestigiosa rede de 285 iniciativas inovadoras lideradas localmente de 94 países, vencedoras do Prêmio Equador desde 2002.

Cada vencedor do Prêmio Equador 2024 receberá US$ 15 mil e terá a oportunidade de participar de uma série de eventos virtuais especiais associados à Assembleia Geral da ONU, à Cúpula do Futuro, à Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade de 2024 (CBD COP 16) em Cali, Colômbia, e à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2024 (UNFCCC COP 29) em Baku, Azerbaijão.

 

Para mais informações, visite o site da Iniciativa Equador. Participe da conversa usando #EquatorPrize nas redes sociais e fique conectado conosco no XInstagramFacebook.

 

Conheça os vencedores do Prêmio Equador 2024:

Reserva Natural La Planada – Resguardo Indígena Awá Pialapí – Pueblo Viejo - Colômbia
Desde 2010, as 490 famílias e 1.900 pessoas que compõem o Povo Indígena Awá dedicam-se a uma missão crucial: preservar suas terras ancestrais enquanto protegem seu patrimônio cultural. Sua abordagem inovadora envolve a adoção do turismo científico, que promove uma troca significativa de conhecimentos entre pesquisadores, turistas, estudantes e a comunidade indígena. Essa iniciativa não apenas promove a conservação da biodiversidade, mas também garante a proteção de seu legado cultural para as futuras gerações.

Federação Mesa Nacional del Café - FEMNCAFÉ - Colômbia
Composta por 28 associações de café, a FEMNCAFÉ defende a reintegração econômica, social e comunitária dos signatários do acordo de paz colombiano, juntamente com as comunidades locais. Central a sua missão, está um modelo de café sustentável que prioriza a justiça ambiental e social. Ao reduzir a desigualdade entre os agricultores de café, democratizar o conhecimento técnico e promover uma agricultura resiliente às mudanças climáticas, a FEMNCAFÉ enfrenta a disparidade agrária, estimula as economias rurais e enfrenta os desafios das mudanças climáticas.

Asociación de Productores del Pueblo Arhuaco de La Sierra Nevada de Santa Marta – ASOARHUACO – Colômbia
Localizados na Sierra Nevada de Santa Marta, a maior cordilheira costeira do mundo e uma Reserva da Biosfera da UNESCO, os Arhuacos preservam esse território sagrado há décadas. Em 2015, uniram forças para estabelecer a ASOARHUACO, uma associação de produtores agroflorestais Arhuacos dedicada tanto à melhoria de suas condições de vida quanto à preservação de suas terras ancestrais. Recentemente, colaboraram com Florestas Sagradas para implementar um modelo de pagamento por serviços ecossistêmicos, visando recuperar terras invadidas e garantir sua restauração, reflorestamento e conservação como locais sagrados para os Arhuacos.

União dos Povos Indígenas do Vale do Javari – UNIVAJA – Brasil
Essa organização sem fins lucrativos, liderada por indígenas, representa o segundo maior território indígena do Brasil, no Vale do Javari, com 8,5 milhões de hectares, e abriga uma das maiores populações de povos indígenas vivendo em isolamento voluntário. A organização se dedica a defender os direitos constitucionais, preservar o conhecimento tradicional e proteger seu território compartilhado. Central a sua missão, está o Projeto de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari (PPEVJ), que utiliza tecnologia digital para monitorar e rastrear invasões em seu território.

Réserve Naturelle Communautaire de Dindéfélo – Senegal
Estabelecida por 12 vilarejos locais, essa organização liderada pela comunidade criou um modelo único de reserva natural comunitária, que harmoniza habitação humana, agricultura e conservação da vida selvagem. Por meio do envolvimento e da educação da comunidade, a iniciativa conseguiu preservar a biodiversidade, proteger chimpanzés, realizar esforços de reflorestamento e mitigar incêndios florestais. Projetos em andamento incluem o desenvolvimento de hortas comunitárias e iniciativas para preservar a qualidade da água, demonstrando o forte compromisso da comunidade com a sustentabilidade e a gestão ambiental.

Coletivo Ambientalista Indígena de Ação para Natureza, Agroecologia e Sustentabilidade – CAIANAS – Brasil
Associação indígena do Mato Grosso do Sul, a CAIANAS, se concentra na melhoria da qualidade de vida e na proteção ambiental nas regiões do Cerrado e Pantanal. Formada em 2015, a associação capacita famílias indígenas por meio de práticas culturais e etnoagroecológicas, enfrentando questões como sementes híbridas e infertilidade do solo, recuperando sementes tradicionais, implementando agrofloresta e restaurando áreas degradadas, enquanto colabora com universidades e órgãos governamentais para treinamento em agroecologia.

Miras Parishan Kazeroon – Irã
Formada em 2014, a Miras Parishan Kazeroon (MPK) é uma defensora líder da proteção e restauração do maior pântano de água doce do Irã, utilizando uma abordagem participativa para capacitar comunidades locais e promover colaboração. Ao estabelecer o Centro de Educação e Pesquisa do Pântano Parishan em 2019, a MPK teve um impacto significativo na conservação, restauração e gestão sustentável dos ecossistemas, promovendo resiliência climática e gestão de longo prazo dos pântanos em todo o país.

Sundarbans Eco Village – Bangladesh
Liderada pela Sociedade de Desenvolvimento e Meio Ambiente de Bangladesh (BEDS), a Sundarbans Eco Village exemplifica uma abordagem liderada localmente para harmonizar vida sustentável, comércio e educação em uma região propensa a desastres. Ao envolver a comunidade, a iniciativa restaurou 150 hectares de florestas de mangue, forneceu energia renovável para mais de 3.100 famílias, garantiu água potável para 12 mil pessoas e promoveu ecoturismo. Esses esforços não apenas aumentam a renda e a resiliência local, mas também destacam um modelo que ganhou reconhecimento generalizado por seu impacto significativo e potencial de replicação.

CredorSave Loans – Zâmbia
Uma fintech social, a CredorSave empodera pequenos agricultores indígenas no distrito de Rufunsa, na Zâmbia, oferecendo financiamento climático acessível para agricultura inteligente em relação ao clima e energia biogás doméstica. Seu modelo inovador de biogás pay-as-you-go promove benefícios sociais, de saúde e ambientais, reduz a dependência da agricultura de sequeiro e do carvão, e apoia a regeneração florestal. Os esforços da CredorSave contribuem para múltiplos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, promovendo meios de vida resilientes e mitigando os impactos da mudança global do clima.

Moroccan Biodiversity and Livelihoods Association (MBLA) – Marrocos
Operando nas Montanhas do Alto Atlas, essa organização é dedicada à preservação do patrimônio natural e cultural enquanto promove meios de vida rurais sustentáveis. Eles promovem a conservação baseada na comunidade, gerenciam sistemas tradicionais de sementes e facilitam a troca de conhecimentos e capacitação. Por meio desses esforços, a MBLA aumenta a agrobiodiversidade e a resiliência climática, trabalhando em estreita colaboração com parceiros científicos para fortalecer iniciativas regionais de conservação de sementes.

Indigenous Livelihoods Enhancement Partners (ILEPA) – Quênia
Essa organização se concentra na conservação ambiental e no desenvolvimento sustentável para a comunidade Maasai, expandindo desde a defesa dos direitos à terra até o enfrentamento das mudanças climáticas e da perda de biodiversidade. Por meio de iniciativas como a recuperação de terras indígenas, promoção da apicultura entre mulheres e estabelecimento de centros de recursos comunitários, a ILEPA capacita comunidades enquanto protege seu patrimônio natural.

 

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