PNUD comemora 30 anos do Fundo Ecos

Evento de celebração, organizado pelo Instituto Sociedade, População e Natureza, reuniu parceiros, beneficiários, financiadores e membros do comitê gestor para rodas de conversa sobre o projeto.

4 de October de 2024
a group of people sitting in front of a crowd
Foto: Beatriz Braga/Acervo ISPN

Para celebrar três décadas de história junto a povos indígenas, povos e comunidades tradicionais e agricultores familiares, o Fundo Ecos, do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), antes conhecido por PPP-ECOS, reuniu a equipe, parceiros, financiadores e beneficiários dos projetos no Memorial dos Povos Indígenas na terça-feira (1/10), em Brasília.

“A participação da sociedade civil ocupa um espaço fundamental na promoção do desenvolvimento sustentável no Brasil. A sociedade civil brasileira desempenha um papel importante na implementação de iniciativas em parcerias com o setor público e organizações do setor privado, garantindo impactos locais e estruturais na agenda ambiental do país”, afirmou a representante adjunta do PNUD no Brasil, Elisa Calcaterra, durante a primeira roda de conversa do evento. 

A representante da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), Alessandra Ambrósio, destacou a busca por soluções inovadoras e humanizadas, tratando o Fundo Ecos como um exemplo nesse sentido. “Temos trabalhado para que essas iniciativas atinjam o coração das comunidades”, afirmou.

Na segunda roda de conversa do evento, o fundador do Instituto, o sociólogo Donald Sawyer, salientou a importância de explorar brechas no sistema capitalista para promover mudanças. “É fundamental influir nas políticas públicas e no setor privado, gerando ecos que vão além das comunidades locais.”

Já a coordenadora do Programa Cerrado do ISPN, Isabel Figueiredo, afirmou que os problemas, identificados em todos os anos de trabalho com pé no chão dos territórios, são da estrutura socioeconômica na qual estamos inseridos. “Os problemas são estruturais e projetos de dois anos não vão dar conta disso. Por isso, a gente precisa continuar e incidir nos doadores para apoios mais estruturantes”, declarou. 

Beneficiários – Maria Senhora, da Cooperativa de Produção e Comercialização dos Agricultores Familiares Agroextrativistas e Pescadores Artesanais de Esperantina (TO), beneficiária do Fundo Ecos, compartilhou a experiência de sua cooperativa, que começou com o PPP-ECOS. “O povo agora cuida da água, do fogo e de se defender contra o veneno, graças às capacitações do ISPN. Temos muito a fazer ainda”, afirmou.

Já Joelma Soares, diretora-tesoureira do Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica (CAV), organização beneficiária do Fundo Ecos com sede em Turmalina (MG), falou sobre a relevância de projetos ecossociais implementados em parceria com o ISPN, que já financiaram ações em 12 comunidades do município.

“As próprias comunidades estão fazendo a gestão dos projetos, e isso é novidade. Estamos falando de protagonismo juvenil e feminino. O ISPN é sinônimo de vida e esperança”, afirmou, destacando a importância da identidade comunitária. 

Coordenadora geral das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão (Coapima), moradora da Aldeia Maçaranduba, Marcilene Guajajara reforçou a necessidade de que os projetos cheguem às bases e às famílias que mais precisam. 

“Se hoje a Coapima está estruturada, é por causa do apoio do ISPN. Estaremos sempre somando com vocês nessa luta pelo desenvolvimento que nosso povo tanto necessita”, declarou, sublinhando a urgência de soluções práticas para as comunidades.

Fundo Ecos

Implementado com apoio do PNUD, o PPP, ao longo dos anos, cresceu e se tornou PPP-ECOS, sendo ECOS a sigla para “ecossociais”. Ele se consolidou como um Fundo, que conta com uma carteira diversificada de financiadores. Um fundo independente que, em 2024, passou por uma renovação de marca e ganhou um novo nome. Agora o PPP-ECOS é Fundo Ecos.  

O Fundo Ecos capta recursos de diversos financiadores e democratiza seu acesso para quem vive e conserva o Cerrado, a Amazônia e a Caatinga: povos indígenas, povos e comunidades tradicionais, agricultores e agricultoras familiares. 

O mecanismo apoia iniciativas comunitárias ecossociais por meio de editais, geralmente divididos por regiões, biomas, segmentos de populações tradicionais, gênero e juventude. Até o momento, 44 editais já foram viabilizados pelo Fundo, um exemplo de filantropia comunitária pela justiça socioambiental.

São mais de 950 projetos apoiados ao longo de três décadas e mais de US$25 milhões de dólares investidos. O novo nome, escolhido para facilitar o entendimento sobre o trabalho, reflete o compromisso de seguir cultivando caminhos de transformação, atendendo aos pedidos do líder indígena Raoni.

Com informações do ISPN.