Dignidade humana, acesso à justiça e promoção da igualdade são temas de seminário internacional em Brasília

Promovido por CNJ e PNUD, evento contou com especialistas brasileiros e de Argentina, Canadá e Estados Unidos.

11 de December de 2024
a group of people sitting at a desk
Foto: Rômulo Serpa/Agência CNJ

Direitos humanos, acesso à justiça, promoção da igualdade, liberdade de expressão em tempos de inteligência artificial (IA) foram temas em destaque no II Seminário Dignidade Humana – Acesso à Justiça: Superar Barreiras e Promover Igualdade, iniciativa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em parceria com o PNUD no âmbito do programa Justiça Plural. A proposta do evento, realizado nesta semana na sede do CNJ em Brasília, foi promover o diálogo qualificado sobre a implementação prática de direitos humanos frente aos desafios contemporâneos, incluindo os impactos das crises climáticas. Entraram na pauta também questões como combate ao racismo e promoção dos direitos das mulheres, da população LGBTQIA+, de crianças e adolescentes, de indígenas e de pessoas em situação de rua.

A conferência magna de abertura, na segunda-feira 12, abordou o cenário global e os avanços nas temáticas do acesso à Justiça e dos direitos humanos. Reuniu especialistas internacionais – como a estrategista em mudança social Sushma Raman e a ministra aposentada da Suprema Corte do Canadá e professora da Universidade Harvard Rosalie Silberman Abella – em debate sobre a promoção de direitos fundamentais. Em cada painel, foram discutidas políticas de inclusão e proteção para grupos em vulnerabilidade. No encerramento do evento, na terça-feira 13, o destaque foi a conferência sobre os desafios regulatórios para a Inteligência Artificial (IA) na proteção dos direitos humanos.

“Este seminário reforça o compromisso do CNJ em avançar na promoção de uma Justiça que não apenas reconheça, mas proteja ativamente os direitos de grupos vulnerabilizados, promovendo um Poder Judiciário mais inclusivo e acessível”, afirmou o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal e do CNJ, na conferência de abertura.

O representante do PNUD no Brasil, Claudio Providas, parabenizou “o incansável trabalho na implementação desse projeto tão comprometido e engajado e reitero nosso compromisso e entusiasmo com o fortalecimento dessa agenda conjunta. O evento que se inicia hoje é mais um exemplo do potencial que PNUD e CNJ têm quando se somam em prol dos direitos humanos e da igualdade.”

“Espaços como este nos ajudam a trazer evidências e a nos formar, do ponto de vista da construção de esquemas de leitura, para os difíceis problemas que a gente enfrenta na violação de direitos humanos no Brasil. É assim que avançamos para que, cada vez mais, a justiça e a responsabilização sejam feitas e a violação da vida se torne uma letra morta na sociedade brasileira”, assinalou a ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo, também à mesa de abertura.

a group of people standing in front of a screen
Ana Araújo/Agência CNJ

No segundo dia do seminário, o foco esteve na liberdade de expressão diante dos desafios da IA. “A Inteligência Artificial precisa ser regulada para proteger o direito à liberdade de expressão, à privacidade das pessoas e evitar a manipulação dos indivíduos pelas plataformas digitais”, observou o ministro Barroso. “O deep fake coloca em risco essa liberdade porque somos treinados a acreditar naquilo que vemos e ouvimos. No dia em que não pudermos mais acreditar naquilo que se vê e no que se ouve, ela terá perdido o sentido”, prosseguiu o ministro durante a conferência, que teve como tema Desafios Regulatórios para IA na Proteção dos Direitos Humanos. “Isso é uma nova preocupação de proteção de direitos fundamentais: precisamos regular para proteger a democracia e para ter governança minimamente transparente, inteligível e com supervisão humana”, completou Barroso.

A cerimônia de encerramento contou com exposições do professor da universidade norte-americana Stanford Nate Persily e da representante adjunta do PNUD no Brasil, Elisa Calcaterra, para quem “a conscientização pública e as regulações multissetoriais são alternativas para um futuro em que a inovação tecnológica seja inclusiva e promova a igualdade”.

Sobre o Justiça Plural – O Justiça Plural é um projeto do PNUD em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que visa fortalecer as capacidades do Poder Judiciário na promoção de direitos humanos, socioambientais e no acesso à Justiça para populações estruturalmente vulnerabilizadas. O projeto tem ações focadas nas necessidades de diferentes grupos populacionais, incluindo crianças e adolescentes em situação de abrigamento, mulheres, pessoas LGBTQIA+, populações indígenas e comunidades tradicionais, pessoas em situação de rua, famílias de pessoas desaparecidas e em ações enfrentamento ao racismo nas instâncias judiciárias. Atenderá também pessoas vulnerabilizadas por questões socioambientais.